sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Zênite

O dever está cumprido
mas não há expectativas
para o depois

Sinto que não haverá continuidade
diferente das outras vezes

A ânsia não passa nunca
estou à beira do abismo
tem um relógio andando pra trás
não há nada além
do próximo passo
só o vácuo
o infinito
serei agonia
do início ao fim.

Morrer é assim?

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Segundo plano

Faltou o ar
os dedos adormeceram
apaguei

Justo quando
o disco acabou
e a máquina registrava
a última foto do rolo do filme

Não havia ninguém
só o silêncio
e o céu pegando fogo
como plano de fundo.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Mal sabes tu
Que de mim, fazes o que bem quer!

Tu me tens além da matéria
Etérea e concreta

Além do ser
E mesmo relutante
Admitido:
-És TU a causa, a razão!
Do sorriso,
Ao gemido.

Taís De Araújo Pereira

Descida

Lembre-se de mim
na sexta-feira

Com o nariz quebrado,
emboletado

Auto-destruição
costumeira
derradeira

Descendo sem freio
na ladeira.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Epílogo

Daqui
dos escombros
pensei ter ouvido
gritarem meu nome

era alarme falso

eco vazio
saído da minha mente

fluxo do rio
indo contra
sua própria corrente.

Prólogo

essa calmaria absoluta
(velha conhecida)
leve farfalhar de folhas
que antecipa
o furacão.

Redial

O não dito
numa ligação

a pulsação

contando o pulso
cortando impulsos.

Fugaz

o toque
de mãos
femininas
pequeninas

etérea ternura
agora vertida
em imensa saudade.